Só depois de muita pressão Carlos Minc se posicionou sobre a conservação da rã Physalaemus soaresi, na Flona Mário Xavier, em Seropédica, ameaçada por obras do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro. E se posicionou mal. Especialistas da área vêem na sua proposta de isolar o “brejo” onde vive a espécie com chapas de metal uma solução de última hora, tosca e típica de quem oferece declarações à queima roupa para agradar a “opinião pública”. O ministro ajudou a licenciar a obra quando era secretário estadual de meio ambiente.
Biólogo e professor da Universidade Cândido Mendes, Celso Sánchez Pereira comentou a O Eco que cercar a área traz uma série de riscos, como o da fragmentação do ecossistema, tornando ainda mais delicada a situação da rã. “Ao invés de protegê-la, podemos colocá-la em maior risco”. Ele lembra ao ministro que a área protegida abriga outras espécies importantes, como o peixe-das-nuvens Leptolebias minimus. “Em termos de conservação não podemos nos focar apenas em uma única espécie, devemos pensar no ecossistema como um todo” ressaltou.
Sánchez avalia que o episódio da floresta nacional, ainda não resolvido, revela que desenvolvimento sustentável no Brasil é conversa para boi dormir e aposta que mudar o traçado da rodovia é a única solução verdadeira para o impasse. “Ao reduzir a questão do Arco Metropolitano e seus impactos socioambientais e arqueológicos ao problema da “perereca”, reduzimos sua complexidade e nos cegamos. Assim técnicos ambientais correm o risco de parecer ecoxiitas e políticos correm o risco de parecer militantes do progresso a qualquer custo. O arco é uma obra fundamental para o Rio de Janeiro, mas realmente precisa passar por ali? Não há a possibilidade de repensar o traçado naquele trecho?”, questionou.
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