Colunas

A morte do Mar Morto

Desde que a ONU criou o estado de Israel e a Palestina em 1948, o Mar Morto teve sua superfície reduzida em mais de um terço. Isso é péssima notícia.

15 de abril de 2010 · 15 anos atrás

O mar morto visto de cima. Ele depende da saúde do rio Jordão para não baixar ainda mais. (foto: Pedro da Cunha e Menezes)
O mar morto visto de cima. Ele depende da saúde do rio Jordão para não baixar ainda mais. (foto: Pedro da Cunha e Menezes)

 “Localizado 411 metros abaixo do nível dos oceanos, o Mar Morto é também o ponto mais baixo da Terra. Não tem a menor necessidade de ficar ainda mais baixo.”

Desde que a ONU criou o estado de Israel e a Palestina em 1948, o Mar Morto teve sua superfície reduzida em mais de um terço, com consequente rebaixamento do espelho d’água. Localizado 411 metros abaixo do nível dos oceanos, o Mar Morto é também o ponto mais baixo da Terra. Não tem a menor necessidade de ficar ainda mais baixo.

Para a economia do futuro Estado da Palestina essas são péssimas notícias e não estamos falando apenas das consequências negativas para a agricultura. A redução da descarga do rio Jordão e a queda da qualidade da sua água também começam a cobrar um preço alto à saúde ambiental do Mar Morto, uma das principais atrações turísticas da Palestina. Como se sabe, o Mar Morto é de uma transparência cristalina, mas suas águas contêm vinte vezes a quantidade de bromínio, quinze vezes mais magnésio e dez vezes mais iodo e sal do que normalmente existem nos oceanos. Essa combinação dá ao Mar Morto uma consistência pesada, quase gelatinosa, que causa grande flutuabilidade. De fato, é quase impossível afundar no Mar Morto. Por sinal uma das atividades mais apreciadas por lá é deitar-se de costas nas suas águas e passar horas a fio lendo os jornais ou um bom romance. Fora isso, a mulherada aflui em grandes grupos aos spas localizados em suas margens em busca da lama de seu fundo, cujas propriedades são benignas para a pele.

Boiar nas águas salgadas é uma das grandes atrações. O fim do Mar Morto traria consequências para o turismo local  (foto: Pedro Cunha e Menezes)
Boiar nas águas salgadas é uma das grandes atrações. O fim do Mar Morto traria consequências para o turismo local (foto: Pedro Cunha e Menezes)
O fato de que árabes e israelenses planejem sentar para discutir o bem estar comum de forma consesuada é por si só uma boa notícia naquela região conflagrada. Se o meio ambiente for o motor de alguma forma de paz, por menor que seja o passo dado, já será um progresso a ser aplaudido. O problema é que, dada a História da região, as perspectivas de entendimento beiram o impossível, Por outro lado, Jesus ressuscitou ali próximo. Quem sabe, ele não dá uma mãozinha para que o Mar Morto seja recuperado antes de fazer jus ao seu nome?

Leia também

Reportagens
17 de dezembro de 2024

Governo lança plano de rastreio individual na pecuária, com foco apenas sanitário

Identificação individual será obrigatória para todo rebanho de bovinos e bubalinos a partir de 2032. Pressão de mercados importadores impulsionou iniciativa

Análises
17 de dezembro de 2024

A curiosa história da doninha africana que, na verdade, é brasileira

Muito além da confusão pelo seu nome, a doninha-amazônica é notória por ser o mamífero predador mais misterioso do Brasil

Reportagens
17 de dezembro de 2024

Associações e cooperativas lutam para manter extrativistas na Resex Chico Mendes

Invasões e produção de gado ameaçam reserva extrativista, uma das mais desmatadas da Amazônia. Manter o modo de vida do seringueiro atrativo é grande desafio

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.