O programa chamado Calgary Materials Exchange da ONG Clean Calgary Association, acaba de ganhar um prêmio por sua liderança no meio ambiente. CMEX, como é mais conhecido, ajuda empresas a encontrar alternativas para o lixo. Seus clientes são empresas das áreas industriais, comerciais, institucionais, da construção e demolição, o que equivale a 64% do lixo gerado em uma cidade como Calgary, situada em Alberta (Canadá), que tem pouco mais de um milhão de habitantes. O CMEX oferece um suporte individual e que atende às necessidades das empresas, arranjando alternativas para reduzir, reutilizar e reciclar.
Parece impossível, ainda mais se pensarmos que tudo isso é feito por apenas três pessoas (mulheres, cabe dizer). Mas não é. O programa existe há mais de quatro anos e vem mostrando que este tipo de trabalho só dá certo se feito assim, como explica Sarah Begg, gerente do programa. “Nós literalmente pegamos as empresas pela mão e mostramos o caminho”. E assim, de mão em mão, acabaram criando um programa não só vitorioso mas que dá grandes resultados, como mostram os números abaixo:
Empresas: | 437 |
Patrocinadores: | 28 |
Membros: | 101 |
Participantes: | 299 |
Número de trocas: | 5.233 |
Toneladas de lixo desviadas: | 10.819 |
Total economizado: | $ 754.651,54 dólares canadenses |
Reduções na emissão de CO2: | 17.534,22 toneladas |
Basta bater o olho na lista acima é perceber que a prefeitura de Calgary é a maior interessada em que um programa como este dê certo. Apesar de ser o maior empregador da cidade, pecam em eficiência justo nesse setor. Hoje, a cidade é uma das poucas no Canadá que ainda não oferecem coleta seletiva de lixo residencial. O programa piloto deverá ser instalado no ano que vem. Do lixo residencial, 40% é composto de orgânicos e resíduos de jardim que podem ser compostados, virando um excelente adubo. Estes 40% continuarão a entrar nos aterros sanitários, onde acabam virando parte de um problema bem maior.
Com isso, chegamos no segundo programa, da mesma associação, que recentemente ganhou um prêmio. Waste Wise Community Outreach é o nome bonito para um programa super interessante e, diria, inovador. Waste Wise seria algo como desperdício inteligente, em uma tradução para lá de literal. É baseado em um conceito chamado Community Based Social Marketing (Marketing Social baseado na Comunidade), que prega que, para haver transformação social, precisa de um trabalho feito um a um, com a mão na massa onde, além disso, a pessoa precisa se comprometer a se transformar (Sim! Eles assinam um papel dizendo que vão fazer parte do programa por um ano, que vão deixar que o coordenador e voluntários façam uma avaliação da compostagem de tempos em tempos etc).
Pensando nisso e baseado em um estudo preliminar, criaram o programa de um ano que foi implementado em um bairro de Calgary chamado Dalhousie e onde cem famílias se cadastraram para receber incentivos e assessoria gratuita para começar a compostar.
O programa é patrocinado por empresas, já que as famílias não pagam nada, incluindo aí novamente a prefeitura de Calgary, que deu as “máquinas de compostagem” (na verdade um cone preto feito de plástico reciclado, para que o sol aqueça o seu interior, já que estamos em um país onde é frio a maior parte do ano).
O ano se passou, as 100 famílias aparecerem, a coisa cresceu e hoje a escola do bairro também composta, com um ‘time verde’ composto de crianças de várias salas ávidas por aprenderem mais sobre o ‘ouro negro’, como é chamado o resultado da compostagem – uma rica ‘terra’ que pode ser usada como um fertilizante natural, sem necessidades de agrotóxicos ou qualquer outro tipo de produtos químicos.
Mais importante que tudo isso: o lixo orgânico vai para um destino mais adequado que o aterro. Os voluntários deste programa saem de um curso oferecido pela ONG Clean Calgary, chamado Master Composters, onde a pessoa paga (caro) para fazer o curso ou aceita doar 25 horas de seu tempo em trabalhos voluntários. Uma curiosidade: na última edição do curso, de uma turma de cerca de 30 alunos, apenas um decidiu pagar.
Vale comentar que o CMEX possui patrocinadores e categorias de clientes que pagam, mas aceitam trabalhar com clientes que não podem ou não querem pagar nada, pois consideram o trabalho que realizam tão importante que se alguma empresa se mostrou interessada, eles não querem perdê-la de vista.
Em uma descrição curta e grossa do programa, eles fazem o elo de ligação entre o problema e a solução. Atualmente, estão para lançar um software criado para avaliar o lixo gerado por uma empresa. Elas são assim: buscam no lixo dos outros como quem procura uma pepita de ouro. E encontram…
Se quiserem saber mais sobre ambos os programas, visitem www.cmex.ca e http://cleancalgary.org/index.php/programs/waste_wise
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