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Galha-branca-oceânico: afinal, mais protegido

Ao fim de uma semana de boas notícias, o animal da semana aproveita um calmo passeio pelo Mar Vermelho. Foto: Nicolai Johannesen.

Redação ((o))eco ·
15 de março de 2013 · 12 anos atrás

Graças a dois atos a favor da conservação, o galha-branca pode nadar mais aliviado, na companhia de um fiel cardume de peixes-piloto. Foto: Nicolai Johannesen/Flickr
Graças a dois atos a favor da conservação, o galha-branca pode nadar mais aliviado, na companhia de um fiel cardume de peixes-piloto. Foto: Nicolai Johannesen/Flickr

O tubarão galha-branca-oceânico (Carcharhinus longimanus) é considerado um dos cinco tubarões mais perigosos do mundo, tendo sido descrito pelo oceanógrafo Jacques Costeau como “o mais perigoso dos tubarões”. Com frequência é encontrado nas imediações de acidentes com aeronaves e embarcações com vítimas em alto mar e há relatos de ataques à humanos nestes desastres. Embora, sem dúvidas, um animal perigoso, apenas 5 ataques foram registrados até hoje e, nos raros momentos de contato com o homem, seu comportamento é quase sempre de indiferença.

Animal típico das zonas tropicais de águas quentes dos Oceanos Pacífico, Índico e Atlântico, ganhou o nome galha-branca devido, sem surpresa, às partes brancas de sua fisionomia: enquanto o dorso pode variar do cinza ao marrom, dependendo da região geográfica, as extremidades das nadadeiras dorsal, peitoral, pélvicas e parte inferior da cauda são sempre daquela cor.

Caracteriza-se, ainda, por possuir a primeira nadadeira dorsal grande, arredondada e longa, nadadeiras peitorais largas em formato de remo. Grande e corpulento, pode atingir até 4m de comprimento total e cerca de 170kg, possuindo um focinho curto e arredondado, olhos pequenos e mandíbulas incrivelmente poderosas. Seus dentes superiores são triangulares com bordo serrilhados e os inferiores pontiagudos, prontos a estraçalhar suas presas.

A dieta do Carcharhinus longimanus consiste basicamente de peixes ósseos (como atum, barracuda, marlin branco, dourado e espadarte), mas inclui também arraias, tartarugas marinhas, aves marinhas, lulas, crustáceos, carniça de mamíferos (baleias e golfinhos mortos) e, até mesmo, e destroços, incluindo lixo. Embora prefira comer sozinho, não é incomum vê-lo acompanhado de pequenos cardumes de peixes-piloto (Naucrates ductor) que o acompanham – e muitas vezes guiam – até suas presas, para depois se aproveitar dos restos delas.

Costumam se reproduzir durante o início do verão, ao longo do Atlântico e do Oceano Índico. As fêmeas dão à luz de 1 a 15 filhotes vivos cerca de um ano depois. A reprodução da espécie é vivípara, isto é, o embrião se desenvolve dentro do corpo da mãe e, em seguida, numa placenta ligada à parede uterina por cordões umbilicais, que lhe fornece nutrientes necessários ao seu desenvolvimento. A maturidade sexual é alcançada em uma idade de seis a sete anos para ambos os sexos.

O galha-branca pode parecer um predador temível, grande e perigoso, mas está em perigo. Tubarões são particularmente vulneráveis à prática da sobrepesca em razão de possuírem, em geral, um crescimento lento, uma maturidade sexual tardia e uma baixa fecundidade. Isso significa que suas populações se renovam pouco e por consequência, tem potencial limitado de recuperação, uma vez que tenham sido sobrepescadas.

O C. longimanus é uma espécie epipelágica, em outras palavras, que vive estritamente em alto mar e baixas profundidades (150 m). Sendo esta zona uma área de pesca, um grande número de tubarões galha-branca-oceânicos é capturado como fauna acompanhante em pescarias com espinhel para atuns e afins.

Suas características biológicas, junto com o elevado valor comercial de suas barbatanas, que estimula a sua captura, tanto como fauna acompanhante como de forma direta, levaram a International Union for Conservation of Nature (IUCN) a classificar a espécie como vulnerável, com tendência a ser ameaçada.

Na semana de publicação deste artigo, o galha-branca conseguiu duas vitórias, uma nacional e outra internacional, que podem significar muito para os esforços de conservação da espécie: no Brasil, a proibição da pesca de tubarão galha-branca através da edição da Instrução Normativa Interministerial nº 1, de 12 de março de 2013; na Cites, foi a aprovação da proteção internacional de 5 espécies de tubarões, grupo no qual se inclui.

Dois passos na direção certa.

 

 

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