Uma exclusividade das florestas da América do Sul, as aves da família Ramphastidae, os tucanos, são um dos símbolos mais marcantes das aves do Brasil e, não surpreendentemente, adotados inclusive por um certo partido político nacional. O maior dos membros desta extensa família é o Ramphastos toco, mais conhecido como tucano-toco ou tucanuçu ( e também tucanaçu, tucano-grande e tucano-boi), encontrado em toda a parte central do país e em partes da Amazônia. No Pantanal matogrossense, é tão comum que, diferente dos seus “primos”, não se limita às florestas, podendo ser encontrado em ambientes urbanos.
Para manter a figura e o título de maior dos tucanos ─ mede cerca de 56 centímetros de comprimento e pode alcançar 540 gramas ─, sua dieta consiste principalmente de grandes quantidades de frutas, insetos e artrópodes, embora, por vezes também ataque ninhos de outras aves, devorando ovos e filhotes. Seu distintivo bico amarelo-alaranjado é o principal instrumento nesta tarefa: 20 cm de de tecido ósseo esponjoso, que garante leveza e durabilidade, e bordas serrilhadas, que o fazem bem cortante. Com muita habilidade e a força do próprio animal, esta “pinça” captura e/ou despedaça o alimento. Para ingerí-lo, lança-o para trás e para cima, em direção à garganta, enquanto abre o bico para o alto.
O tucanuçu vive em pares ou em bandos de duas dezenas de aves que voam em fila indiana e se comunicam com chamados graves, que lembram um pouco o mugido do gado (e dando origem ao apelido goiano de tucano-boi). São facilmente encontrados voando entre as árvore, ou pulando de um galho a outro, nas matas de galeria, no cerrado e nos capões; sobrevoando os campos abertos e rios largos. Seu ninhos ficam em árvores ocas, buracos em barrancos ou em cupinzeiros.
Sua reprodução ocorre no final da primavera, quando a fêmea bota de dois a quatro ovos, que são incubados por período de 16 a 20 dias. O casal é bem participativo: macho e fêmea se revezam na tarefa de chocar os ovos e apenas após seis semanas de vida dos filhotes, quando estes estão prontos para sair do ninho, deixam de cuidar deles. Neste período, os maiores perigos são os macacos que saqueiam o ninho e os gaviões.
De acordo com a IUCN, o tucano-toco não é uma espécie ameaçada de extinção, está na categoria de “pouco preocupante”, pois sua população ainda é grande. No entanto, a espécie ainda sofre com a captura e tráfico ilegal para outros países. Além das numerosas mortes durante o transporte, esta prática provoca uma diminuição de sua população nas florestas e põe em risco a variabilidade genética da espécie.
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