Relatório lançado hoje pelo WWF e pela seguradora Allianz mostra que Alemanha, Reino Unido e França cumpriram as metas do Protocolo de Quioto, enquanto Canadá, Estados Unidos e Rússia tiveram um pior desempenho e não adotaram as necessárias medidas contra as mudanças climáticas. Itália e Japão receberam nota média no ranking não-governamental (veja abaixo). Mas no longo prazo, dizem aquelas entidades, o desempenho de longo prazo de todos os países e blocos como a União Européia é insuficiente para conter o aumento da temperatura planetária.
Países em desenvolvimento, como o Brasil, também foram observados pelo relatório, mas como não têm metas obrigatórias para cortes na emissão degases de efeito estufa dentro do Protocolo de Quioto, não foram ranqueados. O documento reconhece que o Brasil tem algumas ações, como o Plano Nacional de Mudanças Climáticas, apontando a necessária redução do desmatamento na Amazônia, mas nem tudo são flores no panorama climático nacional.
“Há outras políticas e ações de governo e discussões no Congresso Nacional que vão na contra-mão da urgência do desafio das mudanças climáticas e dos esforços de governo para combate ao desmatamento, como a flexibilização do Código Florestal e o próprio Plano de Aceleração do Crescimento (PAC)”, afirma Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil, em nota distribuída pela entidade.
O relatório completo (em inglês) pode ser acessado aqui.
Posição de cada país:
1º – Alemanha – Redução significativa nas emissões desde 1990 e sucesso na promoção do uso de energias renováveis. Porém, o país ainda não tem metas explicitas para depois de 2020 e nem uma estratégia convincente para uma transição para um setor de transporte de baixo carbono.
2º – Reino Unido – Emissões estão abaixo das metas de Quioto. O país tem sido proativo em tomar medidas inovadores e liderar o debate internacional. Há metas obrigatórias de redução de pelo menos 80% das emissões até 2050 e um plano para sua implementação. Porém, o uso de energias renováveis é pequeno.
3º – França – Emissões estão abaixo das metas de Quioto e, embora as taxas de emissão do setor de transporte tenham se estabilizado, o total de emissões deve aumentar se senhuma política climática for implementada. Foi um dos primeiros países a acordarem com metas de redução de emissões de longo prazo (-75% até 2050) e já aprovaram uma lei a respeito, mas ainda faltam detalhes sobre a implementação desta medida.
4º – Itália – Taxas de emissão são médias/baixas se comparadas aos demais países industrializados devido à estrutura econômica. A política climática ainda é incipiente e as emissões estão consideravelmente acima das metas de Quioto e devem aumentar.
5º – Japão – Taxas de emissão relativamente baixas se comparadas aos demais países industrializados devido, principalmente ao alto grau de eficiência no setor. Mantém as emissões estáveis, mas ainda está longe de atingir as metas de Quioto. Não houve avanços nas políticas climáticas desde 2008.
6º – Rússia – Taxas de emissão estão na média dos demais países industrializados. Utilizam muito gás natural e com baixa eficiência. As emissões estão bem abaixo das metas de Quioto, porém têm aumentado.
7º – EUA – A administração Obama fez alguns avanços como o projeto de lei Waxman-Markey Climate Change Bill, que prevê redução das emissões de gases do efeito estufa em 17% até 2020 e 83% até 2050, em relação aos níveis de 2005. Ainda assim, as propostas são muito aquém da responsabilidade dos Estados Unidos na questão climática. O país é responsável por cerca de 25% as emissões globais de gases de efeito estufa.
8º – Canadá – Altas emissões per capita se comparadas às médias dos demais países industrializados. Além disso, emissões continuam aumentando e não há mudanças positivas significativas na política climática.
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