A frota de ônibus barcelonesa é modelo de acessibilidade. Todos os veículos são rebaixados e contam com rampas mecânicas para subida de cadeiras de rodas e amplos espaços reservados que, embora originalmente criados para pessoas com deficiências físicas e carrinhos de bebês, fazem a alegria de senhoras com carrinhos de compras e até mesmo de músicos transportando instrumentos imensos como um violoncelo. Dezessete linhas já têm serviço de ajuda a deficientes visuais e auditivos.
Mas a cidade espanhola deseja também que seu transporte afete menos o meio ambiente. Neste momento, estão sendo instalados, em caráter de teste, motores híbridos em diversos ônibus. O sistema propicia um revezamento entre funcionamento elétrico e a diesel e sua intenção é reduzir pela metade as emissões de óxidos de nitrogênio, além de economizar 30% de combustível.
Trata-se de uma das iniciativas para tentar tirar a cidade de recente lista de grandes urbes espanholas com ar de má qualidade, divulgada pelo Observatório da Sustentabilidade da Espanha, entidade fundada há quatro com uma parceira entre Ministério do Meio Ambiente espanhol, Fundação Universidade de Alcalá e Fundação Biodiversidade. Outra medida trata da implementação, até 2011, de cinqüenta pontos de recarga elétrica para automóveis. O primeiro foi inaugurado no ano passado. Cada motorista paga uma taxa de 1,2 Euro mais 1,95 pela hora de serviço.
Controle de velocidade
Também para reduzir a emissão de poluentes caminha o controle de velocidade nas estradas de 40 municípios da província (estado) de Barcelona. Um recente levantamento concluiu que, após o início da implementação de 80 quilômetros por hora como limite de velocidade, os automóveis da região estão emitindo 4% menos gases.
O controle de velocidade também joga a favor dos pedestres em outra medida, nas chamadas Zonas 30. Denominam-se assim as áreas da cidade onde se admitem automóveis, desde que circulando a no máximo 30 quilômetros por hora. Cerca de vinte bairros barceloneses têm essa limitação, que diminuem em até 30% os acidentes e estimulam o comércio nas vias. As ruas em si também contam com atenção especial. Cerca de 600 delas devem passar por obras este ano, incluindo alargamentos de calçadas e restauração.
Metrô em constante crescimento
Mais essencial ainda, o metrô de Barcelona continua crescendo e sendo reformado. Ano passado, transportou quase 400 milhões de passageiros. A rede, que já conta com mais de onze linhas, 121 estações e 104 quilômetros de extensão, acaba de inaugurar mais duas estações. A obra custou 142 milhões de Euros e favorecerá 14 mil pessoas por dia.
A Generalitat (governo da Catalunha) estima que, até 2014, a rede tenha 185 quilômetros de extensão e oitenta estações novas (chegando a 200). Das já existentes, 78 estações são acessíveis com elevadores, 27 estão em obras e 16 deverão ter essa adaptação aprovada em breve.
Duas rodas no transporte
Não dá para falar sobre os avanços de Barcelona nos âmbitos de sustentabilidade e mobilidade sem mencionar o emprego da bicicleta como meio de transporte na cidade. Hoje há 128 quilômetros de ciclovias, que devem aumentar em 20% nos próximos anos, especialmente com o Bicing, sistema público de uso de bicicletas (imagem no topo da reportagem).
Lançado em março de 2007, transformou-se numa febre, ainda que muitas de suas anatômicas bicicletas apresentem freqüentes defeitos técnicos (alguns causados por vandalismo). O sistema já conta com cerca de 180 mil inscritos e mais de 400 estações, cada uma com um número médio de quinze bicicletas.
O sistema permite que, por 30 Euros ao ano, ou 1 Euro pelos planos semanais, cada usuário desfrute das “magrelinhas” como meio de transporte. É só colocar o cartão de sócio próximo ao sensor da estação e uma das bicicletas é liberada. Elas podem ser devolvidas em qualquer outro posto. Não se paga nenhuma taxa extra pelo uso por meia hora e os três blocos de trinta minutos seguintes custam 50 centavos de Euro (cobrados no cartão de crédito). O limite é de duas horas e seu não cumprimento supõe multa de 3 Euros. Quem recebe três multas perde o direito de usar o serviço: uma “bobeada” que merece ser evitada.
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