A motivação para a troca de nome do recém-criado Monumento Natural das Ilhas Cagarras para Monumento Natural Tim Maia deveu-se, em parte, ao seguinte:
1) primeiramente, cabe relembrar que o nome original existe há mais de 400 anos porque diz respeito à quantidade de excremento branco escorrido pelas íngremes faces de pedras lisas das ilhas. A avifauna marinha local é a de maior concentração de toda a orla da cidade, passando pelo fundo da Baía de Guanabara e incluindo da Pedra do Leme à Pedra do Pontal;
2) quando o Ministro do Meio Ambiente adotou o novo nome para o arquipélago, deve tê-lo baseado no comportamento e na obra do genial Tim Maia; Tim, que jamais se aproximou das ilhas, tampouco botou os pés dentro d’água ou, sequer, fez menção a qualquer ave, de qualquer tipo, em suas lindas canções. A única aproximação de Tim com a natureza era com pés de gererê e, através do hábito de fumá-lo, fazia-o com grande ardor;
3) uma outra associação, provavelmente inconsciente, é a manta branca de guano que escorre como seda de cigarro sobre algumas ilhas. E, naturalmente, o formato da ilha Comprida, que lembra aos apreciadores o formato de grande charro;
4) Tim era doidão e criativo, como foi também nosso último Prefeito, que nos deixou, sem fumar, um belo exemplo de sua excentricidade – a ‘Cidade da Música’;
5) de doidões para doidão – desculpem, mas aqui tenho que fazer justiça e incluir o Senhor Ministro –, ficaria a cidade bem homenageada se trocássemos o nome da Cidade da Música para Centro Municipal de Música Universal Tim Maia. Convenhamos, Cidade da Música não nos diz coisa alguma! Até porque – mais uma vez – a vontade do carioca nunca foi consultada.
Sabe o que fica parecendo? Que é imposição da empresa que está em vias de assinar o contrato de patrocínio da manutenção do Parque e que não quer, de jeito nenhum, associar o seu nome ao das Cagarras. Só que ela não se deu conta – ou o Ministro conhecedor do meio ambiente não quis contar – de que as aves que habitam as Cagarras o fazem há séculos e séculos, cobrem os céus de nossa cidade com a maior propriedade, e podem ser avistadas, diariamente, de todos os quadrantes. Muito mais do que ‘do Leme ao Pontal’.
Leia também
Gás natural que será exportado ao Brasil viola direitos indígenas na Argentina
MME assinou memorando para viabilizar importação de gás extraído em Vaca Muerta e responsável por problemas ambientais e de saúde em região habitada pelo povo Mapuche →
Brasil quer colocar Oceano em destaque no Tratado de Plásticos
Países se reúnem a partir desta segunda-feira para última rodada de negociações do acordo para combater a poluição plástica no planeta →
Entrando no Clima #42 | Texto final da COP 29 frustra em todos os pontos
A 29ª Conferência do Clima chegou ao seu último dia, sem vislumbres de que ela vai, de fato, acabar. →