O secretário-executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas, Fábio Feldmann, defendeu hoje durante o 6o Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC) que o mundo tenha um painel científico intergovernamental para a área de biodiversidade, nos mesmos moldes do IPCC, que reúne as melhores informações disponíveis para alertar a humanidade sobre os perigos e necessidade de ações frente ao aquecimento do planeta. “Temos que lutar por um IPCC da biodiversidade, para divulgar o estado da arte do conhecimento científico sobre esse assunto”, disse.
Para o ex-deputado, a evolução dos debates ambientais mostra que alterações do clima e conservação da diversidade biológica são temas que devem ser discutidos lado a lado, como ocorre pela primeira vez no CBUC. Não reconhecer essa necessidade pulveriza os esforços necessários para avanço nas duas agendas, atreladas às convenções climática e da biodiversidade das Nações Unidas.
“Tenho defendido a sinergia das convenções há muitos anos. Em países como o Brasil, detentor de grande biodiversidade, acho difícil não promover isso, mas existem muitas barreiras culturais, ainda dividindo quem debate clima e conservação”, comentou.
Esse meio-de-campo embolado também provoca distorções como a que ocorre no tratamento da proteção da Camada de Ozônio. Alguns gases substitutos dos clorofluorcarbonos, usados antigamente em geladeiras e outros equipamentos, têm alto poder no aumento da temperatura global, mas o tema foi tratado por vários anos exclusivamente pela Convenção de Viena e pelo Protocolo de Montreal.
Feldmann também lembrou que o Brasil terá sua própria versão do chamada Relatório Stern, originalmente elaborado por um ex-economista chefe do Banco Mundial para mostrar os custos da inação contra o aquecimento global. Além de apontar que a cultura da cana pode ser a grande beneficiária do aumento da temperatura, o ambientalista destacou que o documento será fundamental para indicar os caminhos da sociedade nos anos que virão.
“O país está entusiasmadíssimo com o pré-sal, partindo para a exploração de petróleo na contra-mão da história e mudando sua geopolítica com a possível associação à organização dos exportadores de petróleo. Mas o desafio real é decidir entre as visões de que o planeta tem capacidade infinita de aceitar poluição e extração de recursos naturais e a de que aponta para uma sociedade e economia com baixa intensidade nas emissões de carbono. É muito difícil colocar esses temas para nossos políticos”, disse.
Engajado nos debates para aprovação de uma política do clima para São Paulo, estado com PIB semelhante ao da Argentina, Feldmann defende metas ambiciosas para a legislação: uma redução de 20% nas emissões até 2020, com base na poluição registrada em 2005. “Metas são um passaporte para a inovação tecnológica e econômica, não uma punição, como a maior parte das pessoas as encara”, arrematou.
Leia cobertura completa do CBUC 2009 em http://www.oeco.com.br/cbuc-2009 ou no Twitter
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