Análises

Patrimônio Mundial da Humanidade?

A Floresta da Tijuca tem os atributos que a UNESCO exige a um Sítio do Patrimônio Mundial. Mesmo assim, a candidatura foi rejeitada. Por que?

Pedro da Cunha e Menezes ·
7 de fevereiro de 2011 · 14 anos atrás
 

Tijuca Mirim e Pedra do Conde, vistas do Pico da Tijuca (foto: Pedro da Cunha e Menezes)
Tijuca Mirim e Pedra do Conde, vistas do Pico da Tijuca (foto: Pedro da Cunha e Menezes)
Recentemente caiu-me nas mãos o dossier da candidatura da Floresta da Tijuca a Patrimônio Mundial da Humanidade. Quando fui diretor do Parque estive envolvido no princípio dessa iniciativa, cujo grande mérito, contudo, é de José Pedro de Oliveira Costa. Depois, exonerado, afastei-me da preparação do dossier e nem cheguei a vê-lo antes de ser entregue à UNESCO.
 
A Floresta é sem dúvida um bem único e icônico. Tem os atributos que a UNESCO exige de um Sítio do Patrimônio Mundial. Mesmo assim, a candidatura foi rejeitada. Por que? O dossier é rico em informações e está bem escrito mas, a meu ver, atira longe do alvo. Defende o corriqueiro e relega o extraordinário a um canto de página.
 
A Floresta não é depositária de espécies endêmicas e únicas nem protege um ecossistema raríssimo, características destacadas pela defesa da Candidatura.O que a Tijuca tem mesmo de especial e pioneiro é sua história, sobretudo sua gênese. É uma Floresta quase nativa, criada pelo Homem. Inteiramente replantada. Esse é o legado que merece o estatuto de proteção outorgado pela UNESCO. A Tijuca é um monumento à capacidade da natureza de se regenerar, transformando uma enorme plantação de café em uma exuberante Mata Atlântica. Basta vontade política e uma (ou algumas) mãozinha(s).
 
Se hoje o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) tem um projeto para que sejam plantadas um bilhão de mudas ao redor do mundo, há 150 anos o então provinciano Império do Brasil já mostrava que era possível recriar uma Floresta a partir do zero. Mais do que a Floresta em si, esse processo sim é merecedor do galardão!
 
Sugiro refazer o dossier enfatizando essas características que deveriam servir de exemplo para o Mundo inteiro. É possível recuperar a natureza. A Tijuca é o primeiro exemplo mundial disso, e por isso merece ser elevada a Patrimônio Mundial da Humanidade.

Leia também

Notícias
6 de setembro de 2024

Jornalismo investigativo na Amazônia: cobertura de crimes ambientais em locais de risco

Seminário de Jornalismo Ambiental ((o))eco discutiu métodos de apuração em diferentes biomas, segurança em campo e programas de mentoria

Notícias
6 de setembro de 2024

Fortaleza sedia o primeiro Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental realizado no Nordeste

A 8ª edição do CBJA, híbrido e com inscrições gratuitas, será nos dias 19, 20 e 21 de setembro e contará com importantes jornalistas ambientais do País

Colunas
6 de setembro de 2024

Tendências e soluções para a descarbonização do setor de transporte

Principal usuário de combustíveis fósseis em todo o mundo, a dimensão do setor de transportes de pessoas e cargas exige abordagem multidisciplinar e com tecnologias diversas

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.