Começou ontem (21) na capital paulista o IV Encontro Brasileiro de Observadores de Aves, o Avistar. Reflexo de como evolui a prática no Brasil, a edição 2009 do encontro traz discussões mais maduras, como a importância do turismo adaptado para o birdwatching e novos usos da tecnologia para aperfeiçoamento das observações.
Além de espaço para discussões sérias sobre o tema, o encontro também é uma “desculpa” para os amantes das aves espalhados pelo Brasil se encontrarem, trocarem idéias e exibirem suas conquistas.
Quem passar pelo Parque Villas Lobos, na zona oeste de São Paulo, até o próximo domingo (24) vai encontrar um bando de gente “esquisita”. Munidos de binóculos e máquinas fotográficas de variados tipos, os birdwatchers geralmente se referem às espécies pelo nome científico e falam de lugares que você nem imaginou que existiam. É uma boa oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a ornitologia – ciência que estuda aves – e receber dicas de equipamentos apropriados e lugares interessantes para observação.
Mas o Avistar não é só momento de descontração. Durante a abertura do evento, na manhã de ontem, a conservação da Mata Atlântica foi o tema do debate. Bastante impactado – restam apenas 11,26% da cobertura original e boa parte do que restou é vegetação secundária ou fragmentada, longe do ideal para a avifauna – o bioma sofre com o possível rebaixamento no status de diversas unidades de conservação e as mudanças no Código Florestal.
Das 1822 espécies de aves brasileiras, 131 são classificadas como ameaçadas. Dessas, 118, ou 90% das espécies ameaçadas, são da Mata Atlântica. Alguns grupos de aves, em particular, têm grande dificuldade de sobreviver em ambientes fragmentados e empobrecidos, como aqueles que se alimentam de frutas de médio e grande porte e de insetos terrestres de médio porte. Isso sem falar nas de grande beleza visual, muito procuradas por caçadores.
Quanto mais íntegra a paisagem, maior a possibilidade de abrigar espécies. Por isso os observadores de aves são grandes interessados na conservação e muitos são parceiros ou executores de projetos neste sentido.
Para os estudiosos da avifauna brasileira, as aves têm um espaço muito especial na relação do homem com a natureza. Personificações da liberdade, da beleza e dos sons agradáveis, sem contar o papel como indicadores do status de conservação de uma área, as aves fazem uma ponte importante com o ser humano. Deve ser por isso que eles não se importam em passar horas esperando para observar uma espécie. Nem que seja apenas por um instante.
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