foto: Thalita Domenich
![]() Um bate papo com os monitores da exposição
|
A fotografia de natureza, até pouco mais de dez anos atrás, era considerada apenas um mero registro do meio ambiente e seus detalhes de fauna e flora. Não transitava no reino da fotografia fine art, e quem se aventurava a se profissionalizar era visto, até mesmo pejorativamente, como “aquele que fotografa pôr-do-sol”. Esta visão já está ultrapassada, e a fotografia de natureza hoje é considerada, além de um objeto de expressão artística, uma grande ferramenta de alerta para os inúmeros problemas ambientais que assolam o mundo.
Neste contexto de usar a fotografia como uma ferramenta de conscientização e melhorias da relação do homem com o ambiente onde vive, foi inaugurada na semana passada, aos pés das centenárias palmeiras imperiais do Jardim Botânico carioca, a exposição fotográfica: Floresça! Imagens da Fronteira da Conservação.
Promovida pela Conservation International (CI) e pela Empresa BG Brasil, a exposição traz 58 imagens fascinantes de diversas regiões do mundo onde a CI apóia intensas atividades de pesquisas, seja no estudo da biodiversidade, nos impactos causados por mudanças climáticas, por exemplo, quanto nos movimentos sustentáveis de comunidades locais para um melhor convívio homem-ambiente.
“Imagens têm grande impacto”, observou Lizst Vieira, diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Numa sociedade marcada pelo audiovisual, há uma diferença grande entre falar e mostrar. O desenvolvimento sustentável é o grande dilema contemporâneo, não podemos mais tomar atitudes predatórias. Como crescer sem diminuir os recursos naturais? Essa é uma das mensagens que queremos passar.
A exposição já ocorreu em Washington e Londres, e mescla fantásticas imagens de recifes de corais da Ilha de Bantanta, em Raja Ampat (fotos de Sterling Zumbrunn) com marcantes olhares de moradores de Madagascar trabalhando com agricultura sustentável (fotos de Cristina Mittermeier). Passeia pelas inesquecíveis feições dos Gorilas das Montanhas do Congo (fotos de John Martin) aos chimpazés orfãos clicados por Russ Mittermeier. Do Brasil, pode-se ver fotografias do Pantanal, Abrolhos e Amazônia, especificamente a região da Calha Norte e na qual fui responsável pela documentação.
VEJA FOTOS ABAIXO
A Calha Norte, região conhecida no extremo norte do Estado do Pará, engloba a maior área protegida por unidades de conservação do mundo. Sete expedições vasculharam a região ao longo de um ano, coordenadas pelos pesquisadores do Museu Emilio Goeldi e com o apoio imprescindível da CI, SEMA-PA, Amazon e outros parceiros. Seus resultados podem ser vistos numa extensa matéria na Revista National Geographic de setembro.
Na exposição, é possível conferir algumas fotos que tive o privilegio de fazer, como a impressionante tonalidade azul do sapo Dendrobates tinctorius, um incomodado marsupial ou alguns dos pequenos igarapés que descem dos Escudos das Guianas por dentro de uma floresta amazônica intocada.
Todas estas imagens podem ser acompanhadas e explicadas por um dedicado grupo de monitores, estudantes de biologia – agregando um valor educativo ainda maior à exposição.
Para a exposição, fui convidado pela CI para instruir este grupo de monitores sobre a melhor forma de conduzir os visitantes, compartilhando o que estava sendo abordado em cada imagem, e durante a abertura do evento, contei um pouco sobre as experiências vividas durantes as expedições.
Local: Centro de Visitantes do Jardim Botânico do Rio de Janeiro Até o dia 9 de novembro, das 8h às 17h. A entrada é gratuita.
Leia também

Obrigação de pagar por reparação de dano ambiental não prescreve, determina STF
Decisão de repercussão geral entende que não há prazo de validade para que infratores condenados por crimes ambientais paguem pela reparação de danos ao meio ambiente →

Povos afrodescendentes lançam declaração em defesa de maior espaço nas discussões da COP30
Representantes de 16 países lançaram o documento durante o evento sobre o tema em Brasília. Temas como inclusão e justiça climática são centrais na carta →

Os Crocodilos Perdidos da Amazônia
Os jacarés que hoje vivem na Amazônia são os sobreviventes de um mundo de monstros e gigantes →