Terminou neste sábado (08/12) a 18ª Conferência das Partes (COP 18) da Organização das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em Doha, no Catar, sem conseguir resultados satisfatórios que deveriam ter sido fechados nesta rodada. Depois de um impasse que travou as negociações, os delegados vararam a noite e terminaram a COP aprovando um texto fraco, tímido e adiando as decisões importantes para 2015.
Parecia o final da Rio+20, com a diferença que para chegar ao acordo final, a COP 18 atrasou 26 horas, terminando na noite de sábado (08). O segundo período do Protocolo de Quioto foi aprovado e irá durar de 2013 a 2020 e garantirá um corte de 18% dos gases de efeito estufa sobre os níveis de 1990. Muito pouco comparado às metas de 25% e 40% que os cientistas afirmam ser importante para conter o aquecimento global.
A animação do último dia da Conferência do clima de Doha pode ser vista nas fotos da repórter Nathália Clark*, que acompanhou o clima do fechamento do texto da COP.
No começo da COP 18, no dia 26 de novembro, os negociadores brincavam com o mau agouro da conferência acontecer no Catar. Tudo porque Doha, capital do país, foi palco das negociações da Organização Mundial do Comércio, um acordo que nunca se fechou.
Nesse sentido, a COP 18 confirmou o pé-frio do Catar nas negociações multilaterais: começou com impasse e terminou adiando para 2015 as decisões cruciais, como a questão do financiamento e transferência de tecnologia. Os recursos que seriam repassados para países vulneráveis e as ilhas para se adaptarem não saíram. A decisão foi adiada para a reunião do ano que vem.
As pendências que deverão ser discutidas para serem aprovadas em 2015 são os pontos-chave que não avançam: como será a distribuição de quem paga mais e quem paga menos? Haverá transferência de tecnologia dos países ricos para os pobres? Como isso afetará as relações comerciais? Quem pagará a conta?
A decisão adiada é do que será acordado em 2015 para começar a ser feito a partir de 2020. O novo acordo pós-Quioto que deverá ser colocado em prática em 2020 envolverá todos os países. Nessa prorrogação do protocolo aprovada em Doha, apenas o bloco europeu e a Austrália ficam tendo metas de redução. Japão, Nova Zelândia, Rússia e Canadá estão de fora dessa nova fase e os Estados Unidos nem quiseram tocar no assunto. Não aceitam o acordo e pronto.
Tudo o que se conseguiu em Doha foi uma prolongação de um plano de trabalho. Mas uma vez uma conferência chamada para tomar decisões sobre um acordo global acaba em nada.
*Nathália Clark foi editora de política de ((o))eco e está acompanhando, de Doha, a COP18 pelo Programa Adopt a Negotiator, da Global Campaign for Climate Action.
Leia também
Entrando no Clima#41 – COP29: O jogo só acaba quando termina
A 29ª Conferência do Clima chegou ao seu último dia, sem vislumbres de que ela vai, de fato, acabar. →
Supremo garante a proteção de manguezais no país todo
Decisão do STF proíbe criação de camarão em manguezais, ecossistemas de rica biodiversidade, berçários de variadas espécies e que estocam grandes quantidades de carbono →
A Floresta vista da favela
Turismo de base comunitária nas favelas do Guararapes e Cerro-Corá, no Rio de Janeiro, mostra a relação direta dos moradores com a Floresta da Tijuca →