Comer fritura não só faz um mal terrível ao seu sistema circulatório como também, acredite, contribui para a degradação do meio ambiente. É que o destino convencional do óleo usado na preparação dos alimentos constuma ser o ralo ou a lixeira. O líquido em seguida passa para a rede de esgotos e lixões ou aterros sanitários. Resultado: por um punhado de batatas fritas ou asinhas de frango leva-se à poluição das águas, solo e mesmo do ar pela emissão de metano do óleo decomposto. Mas não se desespere. Ao menos no Rio de Janeiro, quem quiser se livrar da sua cota de sujeira pode lançar mão do Disque-óleo, uma empresa que recolhe o material para fabricação de sabão ou biodiesel.
Se o valor nutritivo de um óleo usado e cada vez mais saturado é praticamente nulo, o mesmo não se pode dizer com relação aos seu destinos possíveis na fabricação de diferentes tipos de sabão e no uso para a produção de biodiesel. Foi o que percebeu o empresário Wellington Gomes, sócio da empresa Disque Óleo Vegetal, que fica no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A empresa existe desde 2005 e nasceu dos nove anos de experiência de Wellington na coleta por conta própria do óleo usado em restaurantes. O líquido era vendido para fabricantes de sabão, em estado bruto. Hoje, montada a empresa, a coisa mudou. O óleo adquirido em estabelecimentos comerciais e domicílios do Grande Rio é purificado antes da revenda. Assim eles obtêm um produto com maior valor. O refino é feito dentro das normas da Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente).
A Disque Óleo compra o material armazenado em garrafas PET por 60 centavos o litro, se ele for entregue diretamente na empresa (fica no bairro Parque das Missões, próximo a Via Dutra). Mas quem quiser a comodidade de ter as garrafas buscadas em casa pode receber de 30 a 40 centavos por litro, dependendo da distância. Atualmente, a empresa chega a produzir 80 mil litros de óleo refinado por mês, pronto para a indústria saboeira ou para virar biodiesel, os principais destinos do óleo comercializado.
Lixo combustível
Um dos poluentes menos populares, o óleo de cozinha pode causar problemas ambientais sérios. Ao ser jogado ralo abaixo, o óleo usado vai para a rede de esgotos e chega a rios, mares e lagoas prejudicando o equilíbrio destes ecossistemas. Como não se dissolve na água, o óleo impermebializa o solo e pode gerar um camada sobre ecossistemas aquáticos que diminui a quantidade de oxigênio. Ele pode matar os seres unicelulares que são a base desses ecossistemas, comprometendo seriamente o equilíbrio ecológico. Também adere às paredes das tubulações de esgoto, facilitando o entupimento e o surgimento de enchentes. Se descartado no lixo comum, o material se decompõe emitindo metano, um dos gases causadores do efeito estufa, e também ali oferece riscos de poluição e impermebialização do solo.
Além de evitar os problemas causados pelo óleo descartado, o biodiesel feito desse material também polui menos que o diesel comum. “Seu uso resulta em emissões menores de gases do efeito estufa”, diz o pesquisador da Coppe/UFRJ Luciano Basto. Segundo ele, o combustível também libera menos materiais particulados, que causam doenças respiratórias. Além do óleo de fritura, diversos óleo vegetais poderiam ser usados na produção de biodiesel. E pesquisas recentes realizadas pela COPPE/UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-graduação em Engenharia da UFRJ) apontaram que ao se misturar 5% de biodiesel de óleo de fritura ao diesel comum e a mesma quantidade de biodiesel de origem vegetal, pode-se diminuir a emissão de fuligem, com uma queima maior do combustível. A experiência já foi feita com caminhões de lixo no Rio de Janeiro.
Quem se interessar em fornecer óleo usado à Disque Óleo:
Site: www.disqueoleo.com.br
E-mail: contato@disqueoleo.com.br
Telefones: (21) 2260-3326
(21) 7837-9446
*Pedro Paulo Garcia é jornalista freelancer no Rio de Janeiro.
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