Em uma época em que tanto se discute sobre a escassez de combustíveis fósseis dentro de algumas décadas, tecnologias baseadas em fontes renováveis são sempre bem-vindas. E se estão associadas a um programa de reciclagem e despoluição quase caseiro, melhor ainda. É o caso de um projeto desenvolvido na cooperativa Ecocitrus, de Montenegro (RS). Ali, alguns veículos estão rodando à base de óleo vegetal usado na fritura de alimentos. O “combustível” é recolhido diretamente de cozinhas de restaurantes.
O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) não reconhece o uso de óleo vegetal como combustível. “Apesar disso, é um combustível muito barato. O custo é o de recolhimento e limpeza, o que não passa de 30 centavos por litro”, comenta o engenheiro florestal Stefano Dissiuta, um dos técnicos da Ecocitrus.
Segundo o pessoal da cooperativa, as vantagens na adoção desse combustível são: melhor lubrificação interna do motor; 40% menos emissão de fuligem e, no geral, 75% menos poluição; emissão de menos carbono na atmosfera do que o seqüestrado pela planta; e despoluição de esgotos com a reciclagem do óleo usado em restaurantes.
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Contudo, o processo tem seus limites. Não há óleo reciclável suficiente em Montenegro, que tem 60 mil habitantes, para colocar uma frota de veículos inteira movida a óleo de cozinha na rua. A quantidade reciclada hoje é suficiente para manter apenas 10 picapes rodando. Por isso, já está começando o próximo passo do projeto, que diz respeito à recuperação do plantio de tungue, uma oleaginosa que vive cerca de 80 anos e foi bastante utilizada no pós-guerra como lubrificante. A idéia é usar o tungue, que tem uma produtividade bastante superior à soja na produção de óleo, para produzir diretamente óleo vegetal combustível e, com isso, proporcionar a independência energética dos produtores. Além disso, os resultados desse e de outros projetos da Ecocitrus são replicados em cooperativas, associações e comunidades que fazem parte da Rede Ecovida de Agroecologia, que abrange os estados da região Sul.
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