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Manaus, AM − O apetite da China por peixes é bem maior do que o declarado às autoridades internacionais, revela uma estimativa publicada pela Universidade da Columbia Britânica, no Canadá. Barcos chineses estariam capturando 4,6 milhões de toneladas de pescado em águas de pelo menos 90 países. A quantidade é 12 vezes maior do que o declarado pelo país oriental à Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 368 mil toneladas
A quantidade capturada equivale a US$ 11,5 bilhões (ou R$ 23 bilhões). O estudo foi publicado na revista científica Fish and Fisheries. A maior parte deste pescado, 3,1 milhões de toneladas, sai de águas da África, continente que sofre com a miséria e a fome. Das Américas Central e do Sul, os chineses levam 182 mil toneladas de peixes todos os anos.
A China é o maior exportador de pescado do mundo, segundo dados da FAO. O país é também um dos maiores consumidores per capita de peixes, que representam uma parcela significativa das proteínas de origem animal consumidas pela população. De acordo com dados oficiais, mais da metade do consumo e exportações de pescado da China são provenientes de criatórios. Mas estes números podem estar incorretos, de acordo com os dados apresentados pelos pesquisadores do Canadá.
Para chegar a um valor mais próximo da realidade do que o divulgado por Pequim, a equipe formada por 20 pesquisadores utilizaram um novo método. Por meio da análise de artigos acadêmicos e notícias e consultas a especialistas, foi possível estimar o número e os tipos de embarcações de pesca chinesas que viajam a outros países. As informações foram comparadas, então, com dados publicados sobre a capacidade de cada tipo de embarcação.
Apesar de não ser preciso, o método oferece informações cruciais que não aparecem nos relatórios oficiais. Em breve, ele será usado para calcular a quantidade de peixes capturada por outros países, como a Espanha. Informações sobre a captura em águas estrangeiras são importantes para o gerenciamento e manejo da pesca, principalmente em países em desenvolvimento, conforme afirmam os responsáveis pelo estudo.
Para o pesquisador Dirk Zeller, um dos autores, apesar de não relatada, a pesca realizada pelos chineses não é necessariamente ilegal. “Podem existir acordos entre esses países e a China que permitem a pesca”, afirma. “Mas nós simplesmente não sabemos porque esta informação não está disponível”.
Daniel Pauly, lider das pesquisas do projeto Sea Around Us, da universidade canadense, destaca a necessidade de se conhecer a quantidade de peixes capturados nos oceanos para saber se será possível manter a pesca no futuro. “Os países precisam perceber a importância da precisão nos registros e na comunicação de suas capturas e assumir a responsabilidade por elas ou não haverá peixes para nossos filhos”, afirma Pauly.
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