Notícias

Após 5 meses de aumento, desmatamento recua na Amazônia

Apesar de queda de 58% em fevereiro, no ano-calendário que começa em agosto, região perdeu área superior ao município do Rio de Janeiro.

Daniele Bragança ·
12 de março de 2013 · 12 anos atrás
Amazônia Legal em fevereiro de 2013 (Fonte: Imazon/SAD). Clique para ampliar.
Amazônia Legal em fevereiro de 2013 (Fonte: Imazon/SAD). Clique para ampliar.

Após 5 meses consecutivos de aumento na taxa de desmatamento, a área desmatada caiu 58% em fevereiro em comparação com o mesmo mês do ano passado. De acordo com a ONG Imazon, que faz o monitoramento independente do desmatamento na Amazônia Legal, desde agosto não havia queda no número mensal.

No mês passado, desmatou-se 45 quilômetros quadrados na Amazônia Legal, contra 107 quilômetros quadrados registrados em fevereiro de 2012. A cobertura de nuvens na região foi de 72% da área florestal na Amazônia Legal, número semelhante a fevereiro de 2012, quando atingiu 76%. Entender a extensão da cobertura de nuvens é importante quando se fala em desmatamento, porque ela impede que a área monitorada seja visualizado como um todo. Quando o período de chuvas acabar e as nuvens se dissiparem, a taxa de desmatamento pode disparar. Isso não será reflexo de um mês, mas do período de chuvas em que o satélite não pode detectar corretamente essa atividade.

Os dados mensais são considerados sistemas de alertas, usados para subsidiar políticas de repressão ao desmatamento, mas não são definitivos. Períodos longos são mais confiáveis, pois o erro de um mês pode ser compensado adiante.

O ano-calendário que mede o desmatamento na Amazônia começa em agosto. Assim, é alarmante que no acumulado em 7 meses desmatou-se 1.351 quilômetros quadrados, área superior a do município do Rio de Janeiro (1.182 km2). Esse total representa um aumento de 91% (ou 708 quilômetros quadrados) em relação ao mesmo período anterior, de agosto de 2011 a fevereiro de 2012.

“Temos informações que os altos valores de desmatamento detectados na primeira parte do calendário [que começa em agosto] serviram para ações estratégicas de combate ao desmatamento”, diz Heron Martins, engenheiro ambiental e um dos pesquisadores responsáveis pelo SAD, o boletim do Desmatamento produzido pelo Imazon. “A esperança é que se reverta a tendência de aumento dos últimos meses”.

Tabela 1. Evolução do desmatamento entre os Estados da Amazônia Legal de agosto de 2011 a fevereiro de 2012 e de agosto de 2012 a fevereiro de 2013 (Fonte: Imazon/SAD).
Tabela 1. Evolução do desmatamento entre os Estados da Amazônia Legal de agosto de 2011 a fevereiro de 2012 e de agosto de 2012 a fevereiro de 2013 (Fonte: Imazon/SAD).
Figura 1. Desmatamento de agosto de 2011 a fevereiro de 2013 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
Figura 1. Desmatamento de agosto de 2011 a fevereiro de 2013 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
Clique nas imagens para ampliá-las

Em fevereiro de 2013, a maior parte (78%) do desmatamento ocorreu no Mato Grosso, seguido pelo Pará (9%), Tocantins (7%), Rondônia (4%) e Amazonas (2%).

Os maiores percentuais de cobertura de nuvens ocorreram no Amapá (91%) e Roraima (90%). Nesses estados não se detectou perda florestal.

 

  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

Leia também

Podcast
22 de novembro de 2024

Entrando no Clima#41 – COP29: O jogo só acaba quando termina

A 29ª Conferência do Clima chegou ao seu último dia, sem vislumbres de que ela vai, de fato, acabar.

Manguezal na maré baixa na Ponta do Tubarão, em Macau (RN). Foto: Alex LN / Creative Commons
Salada Verde
22 de novembro de 2024

Supremo garante a proteção de manguezais no país todo

Decisão do STF proíbe criação de camarão em manguezais, ecossistemas de rica biodiversidade, berçários de variadas espécies e que estocam grandes quantidades de carbono

Reportagens
22 de novembro de 2024

A Floresta vista da favela

Turismo de base comunitária nas favelas do Guararapes e Cerro-Corá, no Rio de Janeiro, mostra a relação direta dos moradores com a Floresta da Tijuca

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.