A situação já é conhecida: um agricultor resolve limpar o terreno com fogo controlado; o vento espalha as chamas que consomem não só o terreno que deveria limpar, mas as terras vizinhas, até chegar a uma área preservada. Assim tem início mais um incêndio em unidades de conservação. Essa é a atual situação do Parque Nacional da Chapada Diamantina, onde o fogo começou no dia 19 e se alastrou pela região.
Atualmente, três grandes focos estão no entorno da unidade e brigadistas lutam para que as chamas não entrem no parque. “Estamos com dois focos bem controlados e um que ainda tem grande preocupação. Em relação à Chapada Diamantina como um todo, a situação é bem mais crítica […]. No Parque Nacional não temos nenhuma área pegando fogo. Um dos incêndios que a gente está combatendo pegou uma bordinha do parque, bem pequena, mas não chegou a adentrar como um fogo grande que viesse varrendo o Parque. Estamos dias e dias batalhando para que as chamas não entrem”, afirma Bruno Lintomen, analista ambiental e chefe do Parque Nacional da Chapada Diamantina.
O risco de incêndio na região já havia sido anunciado. No começo do mês, o governador da Bahia, Jaques Wagner, decretou situação de emergência em 60 municípios do oeste baiano e na Chapada Diamantina devido à seca e à risco de incêndios. Cinco das seis cidades circunvizinhas do Parque Nacional da Chapada Diamantina estão na lista: Lençóis, Mucugê, Iraquara, Itaeté e Ibicoara.
“A Chapada está enfrentando a pior seca nos últimos 40 anos. Eu que sou nativo daqui vi rios que nunca tinham secados secarem”, afirma Janio Gleidson Souza Rocha, atual presidente e há 17 anos membro da Brigada de Resgate Ambiental de Lençóis – BRAL, brigada voluntária que está ajudando no combate aos incêndios na unidade de conervação.
O Parque Nacional conta com dois aviões de combate à incêndios e cerca de 60 brigadistas, que inclui a brigada contratada do ICMBio, da PREVFogo em Mucugê e brigadistas voluntários da região, entre eles a BRAL, mas também existem brigadistas de outras cidades da região. A principal dificuldade no momento é a ausência de helicópteros para o transporte dos brigadistas até o local do fogo.
“Jogar água com o avião e os brigadistas embaixo combatendo o foco é bem eficiente. Agora estamos com focos de difícil acesso e, para ter sucesso, seria necessário o helicóptero para transportá-los”, explica Litomen em entrevista por telefone a ((o)) Eco.
O fogo veio de uma região de fazendas e é por isso que o ICMBio suspeita do foco ter vindo de queima de pasto, algo comum de acontecer nessa época do ano. “Provavelmente a queimada controlada perdeu o controle, o fogo subiu a serra, uma montanha em Mucugê bem complicada, bem acidentada e o controle do fogo tem sido bem difícil” explica Lintomen.
De acordo com o chefe do parque, ontem o helicóptero do Corpo de Bombeiros auxiliou no combate as chamas. “Os bombeiros estão tentando nos ajudar, mas estão com muito trabalho na região” afirma.
No começo do ano, o Parque Nacional da Chapada Diamantina já havia sofrido com outro grande incêndio. Segundo o Climatempo, a previsão é de que haverá chuva na região a partir da quinta-feira, o que pode ajudar a acabar com o fogo, como aconteceu com o incêndio que atingiu o Parque Nacional da Serra do Cipó, na região Central de Minas Gerais.
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