O espaço teatral tem sido utilizado de diversas formas, desde as suas experiências primordiais com os mitos e ritos propiciatórios, até as experiências do teatro radiofônico de Brecht e as múltiplas realizações do teatro educativo, de ativismo social e político, até os experimentos que questionam a própria razão de ser do teatro na era da Cibercultura.

O texto de Verônica Gomes, a ser encenado por James Araújo e Antonio Pereira, busca colocar em cena o debate de quatro questões que ameaçam povos e regiões em uma escala planetária. E o caminho escolhido foi utilizar a economia dos recursos teatrais disponíveis. Para isso, adotou um texto de fácil apreensão, decidindo explorar e interligar recursos de linguagem da cultura popular que incluem o repertório musical do cantador Antonio Pereira, acompanhado de fragmentos da música popular brasileira de domínio do público de todas as idades. As ideias das pessoas comuns sobre essas questões pontuam todo o texto.

São quatro questões de inquestionável importância as que constituirão os quadros encenados, ou seja, a situação dos povos indígenas que lutam por reconhecimento e respeito aos seus direitos secularmente negados ao longo de toda a história da colonização e da ocupação de suas terras.

O quadro seguinte aborda a água como uma das questões planetárias, e que no Brasil têm assumido em suas várias regiões, situações críticas decorrentes de causas naturais mas, sobretudo, da ausência de uma política que leve a sério esse elemento vital e valioso que é a água. 

Outro tema dramático, presente em sua abordagem teatral é o da destruição irresponsável das nossas matas e florestas, situação que colocou o Brasil sob a mira da opinião pública mundial que passou a ver, sobretudo, as queimadas na Amazônia como o símbolo criminoso dessa destruição, fazendo com que a consciência ambiental começasse a crescer também entre nós.

O quadro final nos remete à outra ameaça à natureza que transforma o Brasil no exemplo de seu descompromisso com outra grande riqueza que é a sua vida silvestre, os seus animais em toda sua diversidade e beleza. Esse quadro se destaca por seu olhar crítico, mas também por sua poesia e seu lirismo ao homenagear os nossos pássaros.